08 nov Gentileza, a expressão que não sai de moda!
Por Helena Brochado
(publicado originalmente no Jornal do Comércio)
Nos últimos meses, em função das enchentes e ciclones que assolam o Rio Grande do Sul, estamos presenciando diversos gestos e ações de pessoas e organizações que nos levam para uma era. Uma nova dimensão. A da gentileza.
A frase ‘gentileza gera gentileza’ percorre o Brasil e inspira muitas pessoas. De autoria de José Datrino, conhecido como profeta, ela é muito notória neste momento. E, isso, não tem relação com o trabalho voluntário.
Gentileza pode ser compreendida como uma característica pessoal, que torna a pessoa capaz de ser amável, educada e gentil. É percebida em gestos, pela empatia e pela aceitação de ter atitudes com outras pessoas, sem esperar nada em troca. Já o trabalho voluntário é uma atividade exercida sem remuneração, que visa a atender um objetivo específico, em prol da instituição pública ou privada.
Mesmo que, ambas as palavras, possam parecer semelhantes, elas são ambíguas na sua teoria e prática. E foi essa relação que me fez refletir enquanto psicóloga, o quão significativo e poderoso é o ato de ser ‘gentil’ em momentos singulares como o do caos e da perfeita ordem. Afirmo: ela faz toda a diferença na vida das pessoas. E, igualmente, no ambiente corporativo é um importante diferencial competitivo.
A era da gentileza é vital, mesmo quando vidas humanas e empresas são destruídas de formas trágicas. Por conta dos desastres naturais, extinguiu-se em minutos, construções e reputações de sujeitos e entidades. O que antes do sinistro era, naturalmente, ocupado por uma cidade, uma família, uma jornada de trabalho, uma produção, que visava o lucro e garantia o sustento; agora, configura-se um espaço vazio, com memórias e histórias doloridas, jamais esquecidas.
Há pesquisas que apontam que a prática da cortesia pelos colaboradores e em alguns casos, incorporada na cultura empresarial e nos valores da organização, tem gerado frutos no desempenho dos funcionários e de um bom marketing entre os clientes. Outros estudos afirmam que ser gentil pode impactar na saúde e bem-estar de como as pessoas enxergam o mundo.
Em tempos, o capital humano é uma das competências tidas como essenciais para o desenvolvimento das organizações e a gentileza ganha espaço entre as discussões sobre o tema nas reuniões entre líderes e gestores de pessoas.
Neste contexto, a linguagem corporativa, que antes visava apenas o lucro pela boa reputação e comercialização de um produto ou serviço, se vê, agora, no desafio de olhar para as pessoas de forma diferente.
As estratégias da trajetória do sucesso de uma empresa percorrem um caminho mais amável. Há alternativas e recursos combinados no mercado para propagar a gentileza dentro e fora da empresa. São treinamentos e cursos de desenvolvimento de pessoas, que capacitam os indivíduos e lideranças a aprenderem a ser gentis uns com os outros.
É um dever individual e coletivo da sociedade, independente das imprevisibilidades impostas, colocar na lista de suas prioridades a bondade. É a oportunidade de trazer para a linha de frente líderes engajados e comprometidos, que se sintam realizados quando se entregam a uma causa nobre. Por consequência, eles conseguem envolver os demais de sua equipe. Não há espaço para líderes heróis, que usam de oportunismos em situações trágicas para autopromoção e vaidade. As pessoas estão ‘antenadas’ e percebem que isso é artificial e nada ético.
O filósofo Fabiano de Abreu classifica os tipos de gentileza existentes: primeiramente, existe a gentileza superficial, que se refere apenas ao tratamento comum em sociedade. Depois a gentileza impregnada, que se manifesta através daquele que não mede esforços em ajudar. Também há o gentil de natureza, que tem tranquilidade e inteligência emocional apuradas a ponto de não se importar com a resposta do ignorante.
A construção do ‘ser gentil’, portanto, é uma virtude que todos querem sentir nos outros. É algo quando verdadeiramente praticado, contagia os que estão à sua volta. Tornando o ambiente mais agradável e produtivo. Todos querem estar em um ambiente, onde a gentileza impera. Afinal de contas, a gentileza é uma expressão que jamais sai de moda.
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